O Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da Universidade de São Paulo (PROLAM/USP) foi criado em 1988, na gestão do Reitor Prof. Dr. José Goldemberg, a pedido do Governador Franco Montoro, que apresentava, naquele momento histórico, um projeto político para a América Latina, materializado na construção do Memorial da América Latina e de várias ações do estado de São Paulo no campo cultural, econômico e político. Considerava o Governo do Estado fundamental que a Universidade de São Paulo pudesse participar desse projeto, fortalecendo os estudos e a reflexão sobre a América Latina e sobre a integração regional. Cumpre ressaltar que o PROLAM/USP nasceu em um período de redemocratização do Brasil, em meio à Assembleia Nacional Constituinte, de um lado, e ao início do processo de integração regional via MERCOSUL, de outro, por meio das tratativas que ocorriam desde meados daquela década entre os ex-presidentes Raul Alfonsín e José Sarney.
No começo dos anos 1990, o PROLAM/USP já se mostrava um polo relevante na produção de conhecimento sobre a dinâmica política e econômica da América Latina na época, ocupando-se de acompanhar a evolução do MERCOSUL, formalizado em 1991 por Fernando Collor e Carlos Menem, respectivamente presidentes de Brasil e Argentina, à época. São daquele momento as primeiras dissertações e teses defendidas no PROLAM sobre o bloco como instituição fundamental para a consolidação dos processos de integração regional como instrumentos para a retomada do crescimento econômico, a redução de assimetrias regionais e a garantia da justiça social nos Estados membros (inicialmente Brasil e Argentina e, posteriormente, Paraguai e Uruguai). Desde então, o programa trabalha sob a perspectiva das dimensões das Relações Internacionais e dos Estudos Culturais e Econômicos, e tem forte vocação internacional, atraindo, em suas mais de três décadas de existência, pesquisadores de diversos países latino-americanos.
A criação do PROLAM/USP reuniu no projeto diversas áreas de conhecimento que sustentam sua proposta interdisciplinar de abordagem para a América Latina na Universidade de São Paulo, constituindo-se em um Programa de Pós-Graduação Interunidades da USP. Constituem essas áreas: Direito Internacional – Faculdade de Direito (FD/USP); Economia – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP); Sociologia, Política, Antropologia, História, Geografia e Letras Modernas – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP); Planejamento Urbano e Regional, História da Arquitetura e Estética do Projeto – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP); e Comunicação e Artes – Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Em 1993, juntou-se ao programa o Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação (FE/USP). Em 2003, incorporou-se o Departamento de Economia da Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP/USP); em 2008, a Escola de Artes, Ciências e Humanidade da Universidade de São Paulo – EACH/USP, e, em junho de 2015, a área de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia.
O primeiro processo seletivo do PROLAM/USP foi realizado em janeiro de 1989, sendo coordenadora do programa a Profa. Dra. Irlemar Chiampi, da FFLCH/USP. Havia, então, 13 professores orientadores, especialistas em estudos latino-americanos. Foram matriculados 16 alunos no mestrado, sendo três estrangeiros. Em 1990, o Curso de Mestrado em Integração da América Latina foi recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
A ampliação para o Curso de Doutorado foi aprovada em 1993, conforme Resolução n° 4.014, de 13.08.93, artigos 12 e 14 da Comissão de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo, considerando-se que o Programa contava com corpo docente permanente e linhas de pesquisa definidas, número expressivo de publicações, quarenta dissertações defendidas de boa qualidade e egressos com inserção de destaque na comunidade acadêmica e em órgãos públicos e privados.
O projeto do curso de doutorado desenvolvido foi aprovado nas instâncias necessárias: Comissão de Pós-Graduação (maio de 1997) e Conselho de Pós-Graduação da Universidade (março de 1998). O primeiro processo seletivo ocorreu em outubro de 1998 e o curso de Doutorado foi recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 22 de setembro de 2000.
Nos primeiros vinte anos de existência, entre 1988 e os primeiros meses de 2009, o PROLAM/USP reportou-se diretamente à Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo. A partir de então, a mudança no Regimento da Pós-Graduação da Universidade implicou o ingresso do Programa na estrutura organizacional da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, especialmente para fins de tramitação administrativa e financeira, mantendo o Programa subordinação à Pró-Reitora de Pós-Graduação nas diretivas gerais de ensino no campo de Pós-graduação. O PROLAM/USP continuou com sua autonomia acadêmica e científica por meio das atribuições regimentais da Comissão de Pós-Graduação. A partir de 2015 (maio de 2015), vinculou-se administrativamente à ECA/USP – Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, onde, a partir de 2016, ganhou uma secretaria melhor estruturada e modernizada, para atender aos alunos, docentes e os visitantes de outras Instituições de Ensino nacionais e internacionais com a qualidade necessária.
Ao longo da existência do Programa, diversos pesquisadores e professores estrangeiros contribuíram para fortalecer a compreensão da América Latina por meio da oferta de cursos, palestras e participação em eventos. Desde seu início, o PROLAM/USP contou com pesquisadores estrangeiros dedicados a realizar trabalhos sobre a América Latina e que participaram, por meio de bolsa concedida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em diversas atividades do Programa. Ademais, vários deles fizeram parte da oferta de disciplinas regulares do PROLAM, como Ángeles Sánchez Díez (Universidad Autónoma de Madrid – Espanha), Carlos Antonio Romero Mendez (Universidad Central de Venezuela – Venezuela), Gustavo Arce (UDELAR-Uruguai), Irma Porto Pérez (UNAM-México), Santos Miguel Ruesga Benito (Universidad Autónoma de Madrid – Espanha), Wilson Fernández (UDELAR-Uruguai), Também contribuíram com participação em seminários pesquisadores como Alicia Haber, Jaime Marques Pereira, Maria Lucia Bastos Kern, Marina Schenkel, dentre outros de importantes instituições nacionais. A USP também contou com importantes intelectuais que compuseram o PROLAM e que constituíram a concepção de América Latina e sua importância política e social.
Destacam-se alguns nomes de docentes da USP que, como intelectuais de renome da USP, compuseram o PROLAM desde seu início: Professor Emérito Sedi Hirano (FFLCH/USP); Professora Titular Maria Cristina Cacciamali (FEA/USP), Professora Titular Amália Inês Geraiges Lemos (FFLCH/USP); Professora Titular Cremilda Celeste de Araújo Medina (ECA/USP); Professora Titular Lisbeth Rebollo (ECA/USP), Professor Titular Antonio Carlos Robert Moraes (FFLCH/USP) e Professor Titular Afrânio Catani (FE/USP).